terça-feira, 12 de junho de 2012

NO DIA DA MINHA MORTE




(1ª PARTE)

Sempre esperei
a visita da morte ao meu quarto.
Como no cinema, a vi
de vestes brancas e bonita.
Outras vezes, ou foram as mesmas ?
Cadavérica e sombria.

Quase posso imaginar
a visita da morte ao meu peito.
Chegará numa indiscreta hora
entrará por uma fresta
sem respeitar meus segredos.

Sigo esquivando
da visita da morte ao meu medo.
Não falará meu nome.
Mas essa intrusa não se engana.


(2ª PARTE)

Penso no dia da minha morte
e não imagino as inevitáveis dores dos que me amam.
Sei que existirão, assim como as lágrimas sinceras
dos amigos lembrando dos dias de festa
de como fui bom filho, pai, marido
que trabalhei por toda a vida e como era querido.

Não o faço.
Afinal hoje é o dia da minha morte
e tenho outras preocupações.
A que horas serei recebido
pelos que decidirão meu futuro ?
Que currículo devo apresentar ?
Contas de que devo prestar ?

Os versinhos que meu pai dizia
retumbam constantes:
“Dizemos o que pensamos
pensamos o que dizemos
mas o que nos tornamos
é apenas pelo que fazemos”.

Penso no dia da minha morte
e não me importo se estou bem vestido ou sereno.
Mas há palavras que ainda precisavam ser ditas
e que nunca serão.
Os toques e beijos que precisavam ser dados
e que nunca serão.
Sorrisos e abraços,
e que nunca serão.

Algumas de minhas omissões
serão, agora, eternizadas.
Mentiras se tornarão verdades
com o meu simples desaparecimento.

Penso no dia da minha morte
e não decido que palavras usar.
Se demonstro tristeza com a partida
ou júbilo por chegar.

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