sexta-feira, 21 de setembro de 2012

ÁRVORE URBANA







Árvore urbana que chora
lágrimas de cimento e fuligem
que derrama fluidos secos,
invisíveis,
involucráveis plasmas
das almas dessas ruas
e desta cidade.

Árvore urbana que transborda
águas de outros usos
que chegam cheias, imundas
e se filtram nos seus canais vitais.

Árvore urbana que envelhece
sem respeito ou prece
querendo vento fresco
sem voz, sem eco.

Árvore urbana que não sensibiliza
nenhuma ONG ou ecologista.
Pode ser furada,
cortada
serrada
derrubada
queimada
arrancada
suprimida.

Árvore urbana que destina
seus últimos dias ao menino
que sem quintal no edifício
faz da sua tímida sombra, abrigo.

Árvore urbana, enfim agonizas
e não tenho mensagem otimista.
Pior, vejo me como a ti,
criatura solitária e esquecida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário