quinta-feira, 4 de outubro de 2012

POEMA SEM TRÉGUA





Este é um poema sem trégua
às nossas vidas burguesas
de todos os tamanhos.

Quando trocamos nossas economias éticas e morais
pelo contra-cheque  no fim do mês,
pelas drogas para dormir,
devíamos ter desconfiado.

Este é uma poema sem trégua
ao teu fundamentalismo barato.
O arpão que fere a baleia
faz jorrar sangue no mar.
Não carrego culpas inventadas
nem penas hereditárias.

Este é um poema sem trégua
a tudo que me faz inerte.
Serei a onda que a cauda da baleia
faz, e que vira o barco.
Ontem comprei um livro em chinês
sobre música quadrifônica.
Vou aprender chinês, estudar música
e talvez leia o livro.

Este é um poema sem trégua
ao tempo desperdiçado
naqueles anos de engajamento.
a praça cheia de fé e gritos.
Enquanto nos beijávamos
os discursos se inflamavam.

Este é um poema sem trégua
à maldade dissimulada na virtude,
da mulher que faz profecias.
Não contarei histórias exageradas
nem tirarei fotos da baleia morta.

Este é um poema sem trégua
a qualquer estado das coisas
que não rume para o novo,
não troque de lugar.
Sou o pescador de baleias
que mesmo sem barco,
nunca desistirá.

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